sábado, 27 de outubro de 2018

Terra



Trago na pele
O odor das macieiras
No entardecer da espera
Quando a semente lançada
Ao ventre da terra amanhada
Pelo arado da esperança
Me carrega no tempo
Caminhos de urze e de giesta
Neste cimento armado,
Erguido por todos os lados,
Árvores moribundas da cidade
 Transbordantes viscerais de
Ânsias fétidas,
Fome.

Trago no sangue
Crianças e pássaros de todas as cores,
Mães que sorriem com seus filhotes
Ao colo,
Alguns agarrados às saias,
Trago refrescos de limão
E piruetas ao redor da fogueira…

Trago tuas árduas, ternas mãos
Entre as minhas,
Meu mantimento, meu pão
E as minhas sujas do musgo
Que invento pelo Natal.

Célia Moura – a publicar “Terra De Lavra” [13/09/2014]

Sem comentários:

Enviar um comentário

Tira-me o oxigénio à vontade!

Tira-me o oxigénio à vontade! Coloca um garrote a apertar o meu pescoço a cada segundo que passa, Que ainda assim não estilhaçarei de pólvo...